Sol
É possível que entre tantas cartas e manhas de um tempo que não passou e ficou nos gestos das águas, a gente veja com melancolia o desagero das coisas nunca antes vistas e quase sempre deixadas aos pés de uma flor. Se por aí passares, ímpar no dia sem fim da minha vida que corre para seus braços sem que eles jamais o alcancem, pense ao menos no que seria se fosse você. Se você fosse a buscar camarinhas em algum lugar e lá estivesse a cantarolar alguma cantiga de amor só, à espera do triunfo que tão longe desfilará. Ante seus olhos, a imagem do sonho se perdendo, pouco a pouco se esvaindo nas lágrimas que ainda não brotaram e se sentiram derramadas no rosto, de súbito, para espanto do desejo que magoava. Essa torrente de malgrados de um amor sem paixão, hoje só lida nas páginas daquelas cartas e com as manhas de um tempo sem poesia, foi enfim uma certa manhã que ainda não terminou.
Meu admirador secreto me enviou por e-mail em 14/05
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