Saturday, September 12, 2009

PROFESSORA MOSTRA A BUNDA E DÁ SHOW

Aposto que ela estava cansada dessa profissão. Ninguém merece ser professor hoje em dia, a não ser para pagar os pecados de vidas passadas. São apenas cobranças. Ninguém reconhece o trabalho de um professor e o salário é uma miséria total... Quando me diziam isso, eu não acreditava, mas agora sei, pois sou professora e, apesar de gostar muito do que faço, tem dias que não dá vontade de acordar cedo para ir para uma sala de aula cheia de protegidinhos do papai.

Essa professora foi muito sortuda, isso sim.

Tenho certeza de que isso tudo é jogada de marketing. Daqui a um mês ou dois, aparece ela de giz na mão estampando as páginas de uma revista recheada de bundas e caras... e ainda por cima recebe um cachê que ela não ganharia a vida toda trabalhando como professora. E logo em seguida, começam a surgir os convites para participar de programas de auditório, rebolando e mostrando o que ela tem de bonito debaixo da saia. E de vilã ela passa a mocinha em um aperto de botão do controle remoto.



“A bunda que engraçada
Carlos Drummond de Andrade

A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.

Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora – murmura a bunda – esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.

A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.

A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.

Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.

A bunda é a bunda,
rebunda. “

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